sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Melhores músicas de 2011

40 - Broken Bone - Iceage
39 - Laia - O Bisonte
38 - Brooklyn - Woodkid
37 - Northern Lights - St. Vincent
36 - Wilhelms Scream - James Blake
35 - Codex - Radiohead
34 - Gangsta - tUnE-yArDs
33 - Get Away - Yuck
32 - New Beat - Toro Y Moi
31 - We Bros - WU LYF

30 - Under My Nose - Fucked Up
29 - The Wall - Yuck
28 - Calgary - Bon Iver
27 - 3 Hours - Emika
26 - Born Alone - Wilco
25 - Itchy Fingers - Junior Boys
24 - Repetition - TV On The Radio
23 - Surgeon - St. Vincent
22 - Intro (ft. Zola Jesus) - M83
21 - Turnpike - Arrange

20 - The Black Bird, The Dark Slope - Los Campesinos!
19 - I Was There - The War On Drugs
18 - Julius - Starfucker
17 - Aberdeen - Cage The Elephant
16 - Bad Worn Thing - Wire
15 - Take Me Home - Germany Germany
14 - Its Own Sun - 13 & God
13 - Circles - Digitalism
12 - Midnight City - M83
11 - Waves - The Twilight Singers

10 - Operation - Yuck
9 - Palomino - Mates of State
8 - Perth - Bon Iver
7 - Under Cover of Darkness - The Strokes
6 - The Rip Tide - Beirut

5 - Beth / Rest - Bon Iver


4 - Dog Days - Crystal Antlers


3 - Banana Ripple - Junior Boys


2 - Second Song - TV On The Radio


1 - Wait - M83

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

5-1

5 - TV On The Radio: Nine Types of Light

Começa logo com o som que mais vezes ouvi este ano, Second Song, em que o refrão é cantado em falsete a fazer lembrar Bee Gee's e que é altamente viciante. Dá logo para perceber as diferenças para os antecessores. Desta vez eles quiseram fazer um álbum mais melódico e mais acessível, mas sem perderem a identidade. A letra da Will Do é brilhante: "Anytime will do / What choice of words will take me back to you?". É fácil perceber o assunto. O final da Repetition é um dos pontos mais altos do disco. Depois de "We lock arms / And walk away unrecognized / We lock arms and spin / Commence our repetition"... agarrem-se! O álbum acaba em grande com a Caffeinated Consciousness.



4 - WU LYF: Go Tell Fire To The Mountain

Levam para casa o prémio "Revelação de 2011". Não se percebe a ponta do que o Ellery Roberts diz nas múscias. Basicamente, ele passa o tempo inteiro a grunhir. É o Bussaco do rock. A fusão do órgão de igreja em fúria com a guitarra, o único instrumento ao qual se pode aplicar a palavra melodia, é perfeita. Foi dos melhores concertos do Alive. Não estavam mais de 50 pessoas a ver, mas os WU LYF não quiserem saber, nem do facto de estarem lá 50 pessoas nem das pessoas que lá estavam. Arrogantes e prepotentes, como se impõe ao verdadeiro rock de Madchester. Em Summas Bliss, ele grunhe: "Man in the wild / you were so young but this cities made you old". A We Bros é uma autêntica marcha de guerra: "We bros you lost man / We bros so long / Put away your guns man / and sing this song". Na Spitting Blood, acerta em cheio: "We are so happy / happy to see / All of our children will run blind and free." E parece que este homem de neandertal também tem sentimentos, tal como demonstra na Concrete Gold: "I'm so sick of all these people / I wish that they would just go slow / Go slow / And watch it grow / I'm so scared of all my dreams / I wish I could sleep tonight".



3 - Toro Y Moi: Underneath the Pine

O Chazwick é mais um miúdo desta nova vaga de one-man projects. É chillwave com muito funk e multi-instrumental. É uma viagem do início ao fim do disco. É um álbum para ouvir fora de casa, longe da cidade. Na Good Hold, talvez o som mais obscuro do álbum, o Chazwick oferece-nos uma experiência auditiva fora do comum entre o 1m35s e o 1m50s (é mais perceptível com phones). O álbum acaba da melhor maneira possível com 6 minutos de Elise: "Carry me, Elise, So I can wave / Carry me, Elise, So I can wave".



2 - Bon Iver: Bon Iver

Dono de um sentido melódico quase perfeito, Justin Vernon construiu um disco menos solitário e introspectivo que o seu antecessor (a obra-prima For Emma, Forever Ago), optando por um registo mais experimental e barroco. É um álbum que nos consegue pôr o cérebro dormente. Há dezenas de instrumentos para descobrir: banjo, guitarras, piano, violino, saxofone, trompete, etc., mas o principal instrumento das canções é a voz sintetizada do Justin Vernon. A sequência final do disco é assombrosa. Calgary e Beth/Rest (uma arriscada viagem do Justin ao baú dos anos 80) intercaladas com a instrumental Lisbon, OH.



1 - M83: Hurry Up, We're Dreaming

A primeira grande protagonista do álbum é Zola Jesus, na faixa de entrada Intro. E está dado o mote para, na minha opinião, uma obra-prima de 72 minutos. A pergunta que me vem à cabeça é: E depois disto? Vão-se reformar? O álbum podia perfeitamente chamar-se Hurry Up, We're Dreaming (with the 80's). É um disco nocturno e espacial que fala de sonhos e que nos faz viajar. Na Claudia Lewis conseguimos perceber que é por esse caminho que o Anthony Gonzalez nos quer levar: "Oh-oh, twenty million years from my place / Is the dream over? / The space, oh-oh, it's mine, oh-oh". Das primeiras 5 faixas do disco, 4 são candidatas a melhores do ano, sendo que a que sobra é um interlúdio. A sexta música é um autêntico parênteses no disco, é uma criança a contar uma história sobre uma espécie de sapos, mas a mim não me convencem que a canção é mesmo sobre sapos: "If you touch its skin / you can feel your body changing / and your vision also / and blue becomes red and red becomes blue / and your mommy suddenly becomes your daddy / and everything looks like a giant cupcake." Humm... O disco termina com a Outro, que contém a mensagem final do Gonzalez: "I'm the king of my own land / Facing tempests of dust, I'll fight until the end / Creatures of my dreams raise up and dance with me / Now and forever, I'm your king".

10-6

10 - Nils Frahm: Felt

É piano clássico minimalista com arranjos electrónicos ao estilo lo-fi. Há uma chuva de estática que percorre todo o álbum. Podia ser o meu sucessor do Infra do Max Richter de 2009, mas não consegue atingir a mesma profundidade, exactamente por ser demasiado minimalista. O disco começa com uma sequência muito boa (Keep, Less e Familiar) mas depois vai perdendo o envolvimento por não haver grandes variações. As músicas continuam a ser muito boas mas tem que haver um maior esforço para não descolarmos do som. Dá a clara sensação de que ele consegue chegar bem mais longe no piano do que demonstra, como podemos testemunhar no épico de 9 minutos que fecha o álbum, More. Este é um disco para se ouvir com um estado de espírito positivo, senão lá se vão os pulsos. É um álbum que precisa de várias audições.



9 - Arrange: Plantation

Um projecto de um miúdo chamado Malcom Lacey, que faz música como se fosse alguém com rugas e com uma experiência de vida considerável. É um disco intimista em que a melancolia do piano desempenha o papel principal. É o meu sucessor do Hospice de 2009, dos The Antlers. Vai mesmo "lá ao fundo". Em When'd You Find Me?, algo que me (nos?) acontece milhões de vezes: "Then head home take a pill, fall asleep for a month, and wake up with a new face". O disco tem ainda duas bonus tracks que fogem completamente ao álbum. Pode ser que seja uma dica para o futuro, Sore (R&B) e I Tried to Wash Your Clothes (Dream Pop).



8 - Radiohead: The King of Limbs

Voltaram ao experimentalismo. Não, não é o OK Computer e também não é o Kid A, mas é mais um disco fenomenal destes mestres da música. Não é tão imediato como o In Rainbows. É um puzzle de guitarras com bateria frenética e sintetizadores descontrolados que ganham nova forma a cada audição. Até a Feral, que à primeira vista é um WTF!? prova, ao fim de algum tempo, que afinal é possível descortinar ali algum sentido melódico. O Thom Yorke dá descanso aos nossos ouvidos na sequência final do álbum com a Codex e Give Up The Ghost. Para terminar, volta à carga com mais experiências na Separator. A todos os críticos furiosos deste álbum, um conselho: sentem-se confortavelmente, oiçam a Codex e relaxem. Deixem-se levar...



7 - St. Vincent: Strange Mercy

A Annie Clark, neste disco, faz da guitarra um brinquedo. Um abuso! Os finais das músicas são quase todos épicos. Surgeon e Northern Lights são excelentes exemplos. Em Champagne Year, touché: "I make a living telling people what they want to hear / It's not a killing but it's enough to keep the cobwebs clear". Em Dilettante: "Oh Elijah, don't make me wait / What is so pressing? / You can't undress me anyway". Desculpa Elijah.



6 - The War On Drugs: Slave Ambient

Uma excelente banda sonora para uma road trip. A fusão da voz, que faz lembrar Bob Dylan, com a guitarra e com a harmónica cria um efeito quase hipnótico. É um disco contínuo, sem pausas. Há bandas que usam esta técnica e tornam os álbuns demasiado cansativos, mas neste caso, o efeito é exactamente o contrário. Quanto mais se ouve, melhor fica.

15-11

15 - Junior Boys: It's All True

Se existem discos de domingo de manhã, também existem discos de domingo à noite, para ouvir a olhar para o tecto antes de adormecer. Este é um deles. Devido à complexidade electrónica do som, a cada audição conseguimos descobrir um pormenor novo. É um álbum muito consistente que termina de forma épica, com os 9 minutos da Banana Ripple.



14 - Neon Indian: Era Extraña

Refrões altamente catchy. Synthpop em Polish Girl, chillwave em Fall Out. Começa em grande ritmo mas abranda após o interlúdio Heart: Decay. Recupera a força na Halogen e nunca mais pára. Há algumas linhas que valem a pena ser partilhadas. Em Polish Girl, "Do I still cross your mind / Your face still distorts the time"; e em Fall Out, "Are you still carving out a man / Is that the plan? Is that the plan?".



13 - Cold Cave: Cherish the Light Years

Início de álbum altamente frenético. Começa à velocidade da luz com a The Great Pan is Dead. Uma chapada inesperada, principalmente para quem se lembra do primeiro álbum. Apesar do Wesley Eisold ser de Philadelphia, este disco podia ter sido perfeitamente gravado em Manchester, nos anos 80, pela Factory Records do Tony Wilson. Em Icons of Summer, a ternura dos 30: "Morning stars been shedding light on / Sleeping, shame on / I'm cold, I'm dirty / I'm thirty". O disco tem em Burning Sage a sua faixa mais obscura.



12 - O Bisonte: Ala

Não ouvi assim tantos discos portugueses este ano, mas dos que ouvi este leva o prémio de "Melhor disco português de 2011". "E a tua laia diz-lhes que saiam / e a essa escumalha diz-lhes que venham". É punk rock e hardcore português. São 23 minutos de raiva. Também há um cheirinho de Ornatos lá pelo meio. Na faixa Imóvel, aventuram-se pelo folk rock experimental. Laia e principalmente Matilha dos Tristes são dois sons assombrosos.



11 - The GO! Team: Rolling Blackouts

Poderia ser a banda sonora de um qualquer filme do Tarantino. A Bust-Out Brigade é um bom exemplo disso. É um encontro esquizofrénico mas bem sucedido de dezenas de instrumentos (piano, sopros, banjo, harmónica, triângulo, pandeiro, sintetizadores, etc.) e uma fusão de vários estilos de música como o funk, o hip-hop, rock e dance acompanhados de vozes femininas com um toque de ingenuidade. Em Buy Nothing Day, contam com a participação de Bethany Cosatino (Best Coast), o que explica o facto de ser a música mais pop do álbum. É um disco que acaba em apoteose com a Back Like 8 Track.

20-16

20 - Aquaparque: Pintura Moderna

Uma viagem pelo mundo do experimentalismo, desde o instrumental, às vozes e até às letras. Esta característica deu-lhes o direito de abrirem para Animal Collective no CCB. Isto é como as entranhas do porco, é só para apreciadores. Para Além do Bronze é a única música minimamente melódica. É um disco que funciona bem em dias cinzentos. Aliás, o álbum acaba com a linha, repetida incessantemente: "Traz de volta o calor".



19 - Wire: Red Barked Tree

Os lendários Wire continuam vivos. O disco tem punk, tem rock e algum psicadelismo. As guitarras têm o papel principal. É um disco de alta rotação até aos dois sons finais, onde eles baixam o ritmo. Para mim, são as duas faixas menos conseguidas. O álbum passava bem sem elas.



18 - Emika: Emika

É a miúda que compõe e toca tudo. É um dubstep altamente experimental. Começa com uma faixa brutal, 3 Hours, e acaba com um solo de piano de 2 minutos, só para nos lembrar que ela tem formação clássica. É um final perfeito para uma das boas surpresas de 2011.



17 - Foo Fighters: Wasting Light

Um regresso em grande. Início de álbum potentíssimo, com a Bridge Burning e logo a seguir a Rope. Depois vem a Dear Rosemary, que eu sei que todos temos a nossa: "Rosemary you're part of me / You know you are, you are, you are / ... / Truth ain't gonna change the way you lie / Youth ain't gonna change the way you die". Na I Should Have Known, o baixo é do Novoselic. Dá para perceber. Parece-me que a música é dedicada ao Kurt Cobain. Talvez seja, talvez não.



16 - Cloud Nothings: Cloud Nothings

São 28 minutos de power-pop, de músicas de 2 minutos que nem dão tempo para respirar, com guitarra estridente e voz esganiçada e com uma característica interessante: os refrões são punch lines repetidas até à exaustão. "I always knew I'd follow you and now I know that it's much better" ou "I don't have a heartbeat, why don't you?" ou ainda "They say it happens all the time / At least that's what they know".

25-21

25 - Yuck: Yuck

Indie Rock com tiques dos anos 90. Em Stutter, uma boa dica: "Time is on the outside looking in". É um álbum com alguns altos e baixos. Destaque para Get Away, The Wall e Operation, que são as mais noisy e, na minha opinião, as melhores do disco.



24 - B Fachada: B Fachada

O Bernardo lançou mais um capítulo da sua auto-biografia. O gajo continua a escrever bem. As músicas são boas e a fusão dos vários sons, com o piano à cabeça, também continua a resultar, mas o disco é demasiado "Eu, eu e eu". A única excepção é a Mané Mané. Quer-me também parecer que partilhamos algumas preocupações: "Ponho as gotas no cabelo e uma reza eficaz / Não me vá crescer pelo sem cabelo mais atrás".



23 - Male Bonding: Endless Now

Pode-se definir isto como pop-punk ou noise pop. Ou então... punk com muito eco. As primeiras 3 faixas são para aquecer, até que entra a Bones, um som brutal de mais de 6 minutos. O ritmo depois só volta a diminuir na nona música, The Saddle, que funciona quase como um interlúdio.



22 - Germany Germany: Adventures

Projecto amador de um canadiano chamado Drew Harris, que faz música em part-time. Ele diz que o género musical dele é, entre outros, "feel-good hyperpop". Soa-me bem. É sintetizadores e samplers digitais que nunca mais acabam. Exactamente a meio do álbum aparece a Take Me Home, um dos meus "em repeat" deste ano. O riff da guitarra é viciante.



21 - Los Campesinos!: Hello Sadness

O Gareth continua com a caneta quente. Senão vejamos... Songs About Your Girlfriend: "You do not like us 'cause your girlfriend likely does"; Life is a Long Time: "Beetween my waterfalls and your landslides / There's cartography in every scar"; Death Rattle: "We burnt all the skin from the palms of my hands / With an old Zippo lighter and deodorant can / I went to the palmist and asked her to read / No heart line, no sun line, no life line, no need", "And you, you are an angel, that's why you pray / And i am an ass and that's why I bray"; Light Leaves, Dark Sees, Pt. II: "I part the curtains of your hair / And all the light of the sun floods the room / Poured from your sleepy stare". Musicalmente é, na minha opinião, o álbum menos conseguido dos Campesinos.

30-26

30 - Girls: Father, Son, Holy Ghost

Um dos álbuns mais consistentes do ano. Um disco que nos transporta até aos anos 70, como em Love You Like a River. São canções de amor cheias de lugares comuns, mas são boas canções de amor. As letras, apesar da simplicidade, estão carregadas de "podia ter sido eu a escrever isto". Por exemplo, na Honey Bunny: "I know you're out there / you might be right around the corner / and you'll be the girl that I love" ou o último verso do álbum, em Jamie Marie: "but I miss the way life was / when you were my girl". O Christopher Owens sente-se completamente perdido. Eu digo: "Bem vindo ao clube".



29 - Mikal Cronin: Mikal Cronin

Guitarras e distorção qb. Nota-se alguma influência do surf rock ou do psicadelismo dos anos 60 e 70 (Beach Boys ou Beatles). Um disco da colecção Primavera / Verão.



28 - James Blake: James Blake

Sofreu do mesmo fenómeno dos The XX. Passou de novidade a excita geral em muito pouco tempo. Uma fusão muito interessante de dubstep com soul, evidente em Limit to Your Love, e uma utilização de múltiplas vozes digitalizadas, como em Lindesfarne I, ao bom estilo de Thom Yorke ou Justin Vernon. Há uma certa sensação de nostalgia que percorre todo o álbum, talvez pela gravação ao estilo lo-fi, sempre com um ruído de fundo.



27 - Other Lives: Tamer Animals

É um disco que podia bem ser uma banda sonora de um western, em que o momento do duelo final seria acompanhado pela Dust Bowl III.



26 - Does it Offend You, Yeah?: Don't Say We Didn't Warn You

Os álbuns destes tipos são sempre uma enorme confusão de estilos musicais. Se isso me importa? Absolutamente nada. Até porque eles próprios dizem: Don't say we didn't warn you. A partir daí, é desfrutar desta autêntica salada de frutas. Desde o nu rave da Yeah! ou da Wrestler, ao dance-punk da The Monkeys Are Coming, ao synthpop da Pull Out My Insides, ao electro da Survival of the Thickest, ao Hip Hop da Wondering até à incursão pelo rock mais melódico na Broken Arms... há de tudo.